terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Unidades Geoecológicas do Município de Anajatuba - Ma: Parte II


Unidades Geoecológicas do Município de Anajatuba (MA)


Enclaves  –  áreas  de  contatos  vegetacionais  múltiplos:  unidades fitogeográficas possuidoras de características cênicas diferenciadas, uma vez que possuem redutos de cactáceas e de vegetação típica de cerrados, em contato com vegetação amazônica. Perfaz um total de aproxmadamente 17,0 Km2;

Formação ribeirinha sem influência flúvio-lacustre: segundo Rodrigues (2004), são formações vegetais que, embora ladeiem os corpos dágua, estão mais condicionadas a outros aspectos físicos, que não o hídrico, como os solos, o gradiente topográfico semiplano e mesmo o clima. São tipologias vegetacionais importantes para a manutenção dos ciclos de sedimentação e retenção de materiais na parte mais externa (à retaguarda das várzeas – ou formações ribeirinhas com influências flúvio-lacustres sazonais – e dos campos inundáveis). Embora sejam estreitas (estão entre as cotas altimétricas de 5 – 10 metros), têm larga abrangência, inclusive associadas às proximidades dos tesos. Área nuclear: mais de 30 km2;

Formação ribeirinha com influência flúvio-lacustre sazonal: também reconhecida como vegetação de várzeas, é uma tipologia vegetacional que se associa ao ritmo hidrológico de pulsos de cheias e de vazantes, distribuídos ao longo das estações (localmente: período chuvoso significativo, entre janeiro e junho; e estiagem: entre julho e dezembro, em média, com incidência maior entre agosto e dezembro). Sua conformação é de mais de 70 km2, se “encaixando” entre os campos inundáveis e as formações ribeirinhas sem
influência flúvio-lacustre e, pro-parte, entre os tesos e os campos inundáveis;

Campos  inundáveis:  essa  unidade  fitogeográfica  está  intimamente correlacionada aos pulsos de inundação, havendo, pois, adaptações da biodiversidade aos regimes de inundação e de seca. Formam os lagos temporários de Anajatuba, que secam quase completamente no período de estiagem, forçando um ritmo diferenciado de ciclo vital à espécies típicas dessa célula espacial. É sobre esses espaços que deveriam ser construídos açudes para abastecimento da população e de suas atividades econômicas, tendo em vistas períodos pronunciados de escassez hídrica que possam vir a se manifestar em períodos de tempos distintos. Abrangência: 161,15 km2;

Marismas tropicais: situados na faixa intermarés, possuem abrangência espacial muito reduzida, com apenas 0,1 km2. Estão associados aos manguezais de Anajatuba;

Manguezais: com uma área total de 35,15 km2, os manguezais estão situados entre os tesos e estuários. Possuem o papel geológico-geomorfológico de contenção de ondas e retenção de sedimentos na zona intermarés (ou seja, dificultam o transporte dos mesmos). Ramifcam-se pelos pequeninos igarapés, chegando mesmo a poucos metros de barragens (menos de 20 metros), como acontece na localidade Troitá, no estuário do curso dágua de mesmo nome.

Geografia de Anajatuba - Unidades geoecológicas: Parte I


Unidades Geoecológicas do Município de Anajatuba 


Conforme  estabelecido  na  Proposta  de  Classificação  das  Paisagens Geomorfológicas de Anajatuba (MA), é conveniente enquadrar cada tipologia de cobertura vegetal aos seus respectivos significados, justificando-se, metodologicamente, quais motivos que confluíram para a denominação conceitual de cada tipologia de cobertura vegetacional, conforme será visto a seguir:

Matas de cocais: no contexto anajatubense, configuram-se dois tipos de coberturas vegetais dominantes associadas às palmáceas (cocais), sendo uma característica de boa parte do município (perfazendo aproximadamente 372,40 km2  de área total), correspondentes à cobertura de babaçual; a outra é o carnaubal, que consorciada com formações pioneiras (dispostas pela presença de gramíneas), abrange um espaço de 90,45 km2 É importante salientar que o carnaubal presente nos tesos de Anajatuba foi plantado para que servisse de “sombra” para o gado bovino, atividade essa que se desenvolveu entre fins dos anos 1940 a inícios da década de 1960 (OLIVEIRA, 2005), contrariando AbSáber (2004), que afirmava ser essa tipologia vegetacional um enclave, o que, na verdade, pode ser considerado como um processo bem-sucedido de silvicultura de palmáceas;


Capoeira mista: resquícios de matas tropicais pré-existentes, que após fases de perturbações anteriores ao presente (desmatamentos), passaram por período de recomposição de parte do potencial vegetacional anterior; somadas às essências botânicas diferentes das originais, destacam-se árvores frutíferas. O babaçu – Orbignya speciosa (Mart.) – também está presente nessa tipologia vegetacional, que possui, aproximadamente, 115,20 km2  de área total;

Floresta subcaducifólia tropical: remanescentes de uma provável extensão da Floresta Amazônica, provavelmente no período conhecido como Optimum Climático (há 6.000 A.P.), fato esse passível de confirmação a partir de dados de testemunhos edafo-pedológicos e correlações com a Teoria dos Redutos e Refúgios. Está circunscrita aos morros testemunhos, que formam um sistema de divisores fitogeográficos regionais na porção SSW de Anajatuba, além de participar da configuração fitogeográfica de alg mas “ilhas”. Sua extensão areal é superior a 20 km2;

Gramíneas: vegetação pioneira existente nos taludes dos morros testemunhos (escarpas de falhas), que configura uma cobertura vegetal aparentemente homogênea, tendo entre 0,50 e 0,90 cm de altura máxima. Representam um estágio natural de estabilização de vertentes. Abrangência: 0,90 km2;
Capoeirão latifoliado: áreas desmatadas que passaram por um longo período de estabilidade (não ocorrência de impactos significativos posteriores), que estão situados em apenas três unidades espaciais: as “ilhas” Boa Vista, Juntaí e Tapera. Sua área é inferior a 0,50 Km2;


Adaptado pelo Professor Me. Valdir