quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Geografia de Anajatuba - Localização

GEOGRAFIA DE ANAJATUBA - MARANHÃO.
     
O município de Anajatuba teve sua emancipação política em 22 de julho de 1854, Pela Lei Provincial nº 359, de 22 de julho de 1854 Anajatuba foi elevada à categoria de vila e freguesia (Vila de Santa Maria de Anajatuba), tendo sido desmembrado de Itapecuru – Mirim pela mesma Lei. Somente em 1938 foi elevada à categoria de cidade (IBGE, 1959). 

Está inserido na Mesorregião Norte, dentro da Microrregião da Baixada Maranhense. Abrange uma área  de  1.117  km²,  com  uma  população  de  25.294  habitantes  e  densidade  demográfica  de 22,64 habitantes/km², (IBGE, 2010). Limita-se ao Norte com os municípios de Santa Rita e Cajapió, a Leste com o município de Itapecuru mirim, ao Sul com os municípios de Arari e Miranda do Norte e a Oeste com os municípios de São João Batista e Viana (Google Maps, 2011).


A sede municipal tem as seguintes coordenadas geográficas: -03º26’ de Latitude Sul e 44º61’ de Longitude Oeste de Greenwich, dados do IBGE (2010).  O acesso a partir de São Luis, capital do estado, em um percurso total de 393 km, se faz da seguinte maneira: 103,4 km a partir do km 104 da rodovia federal BR-135 (São Luis – Teresina) e 23,5 km pela rodovia estadual MA-324 até a cidade de Anajatuba (Google Maps, 2011).

quinta-feira, 14 de março de 2019

HISTÓRIA DE ITAPECURU-MIRIM: Sua trajetória histórica.


  
Sua trajetória histórica

Por: Josemar Lima

Mapa da província do Maranhão - século XIX

No dia 21 de julho de 1870, a Assembleia Legislativa da Província do Maranhão vota e aprova a Lei nº 919, que eleva a Vila de Itapecuru-Mirim, fundada em 27 de novembro de 1817, à categoria de cidade. A Lei foi sancionada pelo vice-presidente da Província, José da Silva Maia.

Na linha de tempo da formação do atual município de Itapecuru Mirim identificam-se, entre outros, dois elementos que estão umbilicalmente associados à formação do seu patrimônio humano, histórico, cultural e ambiental – o Rio Itapecuru e a Estrada de Ferro São Luís Teresina.

Foi às margens do Rio Itapecuru, cujo desenho inicial a natureza começou a esboçar há mais de 300 milhões de anos, que se instalaram os primeiros seres humanos chegados à região e, no nosso caso, os povos posteriormente denominados índios, possivelmente vindos da foz do Rio Amazonas, mas precisamente da região do Arquipélago do Marajó e que aqui foram se organizando em aldeias e ganhando denominações como Guanarés, Tapuias Uritis, Barbados e outros.

Esta fase de ocupação indígena, que remonta há 11 mil anos, ainda existe controvérsias sobre a data exata desse evento, foi uma etapa muito importante na formação de saberes originários da relação direta entre o homem e a natureza. Homem, água, terra e floresta se conhecendo mutuamente e aprendendo, digladiando às vezes e, em muitos outros casos, salvando uns aos outros. As relações com os animais, conhecimentos dos peixes, répteis e mariscos, descobrimentos das plantas medicinais e venenosas e a arte de caminhar seguramente pelas veredas de pedras miúdas.

Depois o grande choque cultural, com a chegada dos homens brancos, inicialmente os jesuítas buscando almas, braços escravos para a agricultura e guerreiros, inicialmente mais braços e guerreiros do que almas, para defesa das causas do colonizador português, formação de patrimônio econômico e suas guerras com franceses e holandeses. Os choques foram inevitáveis entre índios e jesuítas contabilizando-se vários massacres de religiosos aí mesmo nas barracas do rio, mas a morte indiscriminada de índios em batalhas que não eram suas foi desproporcional, levando à extinção várias etnias.

Estavam criadas as condições para o aparecimento das primeiras povoações e elas vieram em decorrência da logística proporcionada pelo Rio Itapecuru. A povoação denominada “Arraial da Feira” foi a primeira delas e tinha seu núcleo ali para as bandas do Cemitério dos Ciganos. Era o lugar preferido para descanso das boiadas e vaqueiros que vinham de outras regiões do estado, do Piauí e até da Bahia, com destino a São Luís. Essa povoação tornou-se importante porque se transformou em um vigoroso entreposto de comercialização de gado bovino e aquisição de víveres e utensílios, uma verdadeira feira que se expandiu rapidamente.

Os naturalistas alemães Johann Baptist Von Spix e Carl Friedr Phil vom Martius que realizaram uma expedição em um Barco a Vapor, tipo  Gaiola, pelo Rio Itapecuru, partindo de Caxias/Ma, em julho de 1819, fazem o seguinte registro ao chegarem a então Vila de Itapecuru-Mirim:
“Este lugar, antigamente denominado “Feira”, deve sua origem ao comércio de gado bovino, pois aqui os sertanejos negociam a venda das boiadas, vindas do Piauí e do interior do Maranhão, em troca de tudo que precisam.”

A povoação cresceu junto com a importância econômica que o Rio Itapecuru, a principal estrada do Maranhão à época, ia ganhando progressivamente e despertando o interesse de empreendedores e aventureiros portugueses interessados no uso das terras para instalação de engenhos e produção de açúcar. Um desses visionários foi Bento Maciel Parente, então Capitão de Estradas, mas que nutria o sonho posteriormente realizado de governar o Maranhão. Ele solicitou ainda em 1630 que a Capitania Geral do Maranhão fosse subdividida em quatro.

Uma delas denominou-se Ribeira do Itapecuru, com o objetivo de fortificar-se contra possíveis invasões estrangeiras na busca das riquezas que começavam a aflorar na região. E ele tinha razão, pois os holandeses tentaram tomar pela força bruta a região, passados alguns anos, inclusive engenhos de alguns de seus parentes.

Começaram, então, as articulações políticas de vários segmentos sociais e propostas individuais junto ao rei de Portugal para fundação da Vila de Itapecuru-Mirim, já a partir de meados do ano de 1751, todas elas não atendidas pela corte portuguesa que optou pela criação da Freguesia de Itapecuru-Mirim, desmembrando-a da Freguesia de Rosário. Nesse período, também, ai por volta de 1755, começaram a chegar à região os primeiros negros africanos escravizados, provenientes da Costa da Mina, atualmente Costa do Marfim, além de Angola e Moçambique, para incrementar a mão de obra indígena já em processo de regressão nas lavouras de cana-de-açúcar e algodão.

Foi nesse cadinho efervescente de culturas, ainda acrescido de irlandeses, açorianos e dos povos do mundo árabe, principalmente sírios e libaneses, que consolidaram identidade e cultura itapecuruenses, consequentemente com mais elementos e riquezas que no resto do estado do Maranhão. E começaram a aparecer, originários das diversas raças e etnias, verdadeiros ícones nas áreas das ciências, letras, artes, política e administração pública.

Provisão Régia de 25 de setembro de 1801 criou a Freguesia de Itapecuru-Mirim, vinculando-a as bênçãos de Nossa Senhora das Dores. Estava também criada a Paróquia que se instalou na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, como vimos na crônica anterior.
A criação da Vila de Itapecuru-Mirim foi uma verdadeira novela que se estendeu por quase cinquenta anos e merece ser destacada para conhecimento do leitor.

A partir de 1751, com o desenvolvimento vertiginoso da região, começaram as articulações para transformação da Freguesia de Itapecuru-Mirim em uma Vila. O então governador da Província do Maranhão Luís Antônio Viera da Silva enviou uma carta à Corte Portuguesa, endereçada ao rei Dom José, datada de 17 de novembro de 1751, com um abaixo assinado com 1094 assinaturas solicitando a fundação da Vila, alegando que assim o governo poderia melhor atender as reivindicações da comunidade. A solicitação não motivou ações imediatas da Corte Portuguesa. Só em 25 de agosto de 1768, Dom José fez saber ao governador do Maranhão que os moradores da Freguesia da Ribeira do Itapecuru lhe pediram em 12 de setembro de 1765, alvará de confirmação da vila.

O Dicionário Histórico-Geográfico da Província do Maranhão, de autoria de Cesar Marques registra que pela Provisão Régia de 17 de novembro de 1817, Dom João VI fez saber ao ouvidor da comarca do Maranhão que José Gonçalves da Silva, fidalgo da Casa Real, estava autorizado a fundar a Vila de Itapecuru-Mirim, em terras próprias ou doadas pelos moradores da região.

Verifica-se, então, que o conflito de interesses era muito grande obrigando o rei de Portugal a ignorar todas as demandas comunitárias e governamentais a ele endereçadas e conceder autorização a um particular, apenas pelo posto de fidalgo que possuía, para fundação da vila. 

Cumpridas as recomendações contidas na Provisão Régia, dando conta da presença de trinta casais brancos e da construção das casas destinadas à câmara, cadeia e oficinas, o Procurador do fidalgo, Antônio Gonçalves Machado, em 20 de outubro de 1818, recebeu ordem para fundação da vila.  

No ano seguinte, afirma Cesar Marques, em 20 de novembro de 1818, quando a povoação já contava com 138 casas e uma população de 767 indivíduos, na Praça da Cruz, com presença de autoridades e do povo local, leu-se em voz alta e inteligível o inteiro teor da Provisão Régia de 27 de novembro de 1817, expedida em consequência do Decreto de 14 de junho do dito ano, e despacho da Mesa de Desembargo do Paço de 17 de julho e 24 de novembro do mesmo ano, determinando a criação da Vila de Itapecuru-Mirim. Um parto que durou quarenta e nove anos povoados por vários fatos históricos importantes para a região e para o estado do Maranhão e no seu período de Vila testemunhou e teve papel relevante nas lutas pela Independência do Brasil e na Guerra da Balaiada.

Como cidade, a partir de 21 de julho de 1870, há exatamente 145 anos, o município de Itapecuru Mirim continuou a sua trajetória, pontuada por conquistas e superações, mas, também, foi marcada por retrocessos históricos nas áreas sociais, cultural, ambiental e político-administrativa, que não são condizentes com toda a potencialidade do patrimônio humano, histórico, cultural e ambiental que herdou e gerou.

Esses apagões, quase todos são originários da incapacidade, miopia histórica, desconhecimento e falta de sensibilidade de grande parte dos gestores públicos em aproveitar toda essa mina de conhecimentos e exemplos dignos deixados por nossos ilustres ancestrais e incorporar ao processo de desenvolvimento do município.

Há, entretanto, interstícios de júbilo e grandeza em todas essas áreas, infelizmente em raros e eventuais momentos, pela força de seu capital humano que, de quando em quando, faz aflorar um tesouro e enche de orgulho e esperança todos nós descendentes dessa saga construída por homens e mulheres com identidade e cultura que os tornam diferentes, fortes para as lutas e dóceis para as artes.

quarta-feira, 13 de março de 2019

HISTÓRIA DE ITAPECURU-MIRIM: Vila e Freguesia Nossa Senhora das Dores



Os primeiros registros de batismo (1813/1829).


Por Antônia  Mota              


A freguesia de Nossa Senhora das Dores do Itapecuru foi desmembrada do Rosário em 1802, informa César Marques, ficando com 19 léguas de extensão e abrangendo “79 fazendas, 63 sítios, 5.449 indivíduos, 142 proprietários, 71 mulheres destes, 235 crianças filhos dos mesmos, 2 capelães, 48 feitores, 7 jornaleiros e 4. 944 escravos de ambos os sexos (1970, p. 559).” Naquele momento, uma das áreas mais produtivas da capitania do Maranhão, onde proliferava o cultivo do algodão e arroz para exportação. 
Mapa geográfico da capitania do Maranhão - 1819

Os livros da freguesia estão depositados no Arquivo Público do Estado, com digitalização disponível no site
familysearch.org. Os primeiros anos, 1813 e 1814, dão conta do “auto de desobriga” do vigário Pedro Antônio Pereira Pinto do Lago, e são testemunha do cumprimento de sua obrigação, acompanhado do coadjutor Antônio Rabello de Mesquita, autor dos assentos de que hoje nos servimos. Os registros manuscritos continuaram em outros Livros, onde conseguimos recuperar 1.316 (um mil, trezentos e dezesseis) assentos, abrangendo o período de 1813 a 1829.  No decorrer dos anos aparecem nomes de dois outros religiosos: Antônio da Costa Duarte e Antônio do Espírito Santo Lima, certamente os primeiros párocos da freguesia desmembrada. Importante ressaltar a dedicação da graduanda em História da Danielle Melo, bolsista PIBIC/FAPEMA/UFMA, que realizou um trabalho primoroso de transcrição. 

O zelo dos primeiros registros feitos por Antônio Rabello de Mesquita delineia um retrato da região, sendo possível recuperar o nome do batizando, de seus pais e padrinhos; assim como a “cor” e condição jurídica dos mesmos, se livres ou escravizados. Outros detalhes se somam a esse, como o nome das propriedades e seus donos. A partir do segundo Livro, que compreende o período 1824 a 1829, devido ao aumento considerável dos batismos, as informações ficaram mais restritas. 

Para realização das cerimônias de batismo nos sítios e fazendas da região, deduzimos que os religiosos se instalavam nas propriedades mais centrais, previamente avisadas, uma vez que crianças de outras propriedades foram mencionadas. O vigário ficava um ou dois dias batizando na localidade, findos os quais seguia adiante. Nos primeiros anos em que o padre e seu coadjutor saíram em desobriga (1813 e 1814), estiveram em quarenta e oito sítios e quarenta e sete fazendas. Os nomes dessas propriedades são quase sempre de santos de devoção, como N. S. dos Remédios, Santa Izabel, Santa Ana, São Benedito, Santa Rosa, Santiago, São José; sendo os de maior ocorrência Santo Antônio e Nossa Senhora da Conceição. Tais nominações indicam senhores católicos, como eram os oriundos da península ibérica. No entanto, o meio ambiente e a topografia também motivaram as escolhas no momento de nominar, tanto que aparecem referências à fauna e à flora, como Fazenda do Maracujá, do Pequi, Coroatá, Sapucaia, Bacabal, Buriti, Sítio Curimatá, do Urubu, etc. Bem próximo a isso aparecem aquelas que manifestam o ambiente, como a Fazenda do Morro Alto, Olho D’Água, das Cachoeiras e Areias. Algumas fazem referência direta aos nativos ou sua língua, como Sítio do Guanaré e dos Barbados.  Muitos povoados, vilas e municípios da região hoje carregam os mesmos nomes, talvez sejam oriundos daquelas propriedades dos séculos XVIII e XIX, como por exemplo, Pirapemas e Cantanhede. 

Os proprietários eram quase sempre homens, alguns com patentes militares e atividades de importância, como o brigadeiro José Gonçalves da Silva, os coronéis Izidoro Rodrigues Pereira, João Manoel de Macedo, o major José da Silva Raposo, o capitão Manoel Gomes da Silva Belfort, Agostinho Rodrigues Torres e Bento José Rodrigues de Araújo e o bacharel Henrique Guilhon. São mencionados outros fazendeiros, como José Antônio Gomes de Souza e seus descendentes, como vemos em inúmeros assentos: 

No início do século XIX, vivia-se o “boom” agroexportador no Maranhão, em que a Ribeira do Itapecuru concentrava 2/3 de toda produção da capitania. Portanto, a maioria da população estava nas fazendas implantadas nas margens do rio, a imensa maioria filhos daqueles que viviam sob cativeiro. Seus pais e padrinhos labutavam na terra, plantando e colhendo algodão e arroz, depois escoados em barcos para o porto de São Luís e, a seguir, para Portugal e Inglaterra, principalmente. Oferecer “pasto espiritual” aos que viviam sob sua propriedade era uma obrigação dos senhores, que, ao receberem os Santos Óleos, se tornavam cristãos, “filhos de Deus”. Provavelmente, sob a orientação do padre foram dados aos batizandos nomes relacionados ao mundo Ibérico: Manuel, Joaquim, Antônio, Domingos e Ana, mas também foram nominados como Germana, Sabino, Romana, Damázio, Umbilina e Eufrozina; alguns ainda se chamavam Theodora, Catherina, Tibério, Fúlvio, Constantino etc., indicando a erudição do religioso. 

Ainda que vivendo sob cativeiro, uma porcentagem significativa dos batizandos era fruto de uniões legítimas, seus pais eram casados na igreja, como atestou o vigário. Outra pequena parte era formada por aqueles dados como filhos de pais solteiros, mas presentes na cerimônia, o que indica que assumiriam o filho e estivessem decididos a oficializar sua união, tão logo fosse possível. No entanto, a maioria das crianças batizadas nas fazendas foram dados como filhos de “mães solteiras”. Quanto aos padrinhos, praticamente todos que viviam naquela condição também receberam escravizados como padrinhos/madrinhas, com raras exceções. Interessante observar que alguns receberam Nossa Senhora como madrinha, uma prática também verificada em outras regiões. Vemos abaixo um dos primeiros assentos encontrados:

Aos quatorze dias do mês de junho do ano de mil oitocentos e treze, na fazenda do Retiro, desta freguesia de Nossa Senhora das Dores do Itapecuru Mirim, o reverendo vigário Pedro Antônio Pereira Pinto do Lago, em auto de desobriga, batizou solenemente e pôs os Santos Óleos a inocente Lauriana, preta nascida aos quinze dias do mês de janeiro do dito ano, filha legítima de Antônio e Angélica, pretos escravos de José Aniceto de Souza. Foram padrinhos Caetano e Florência, escravos do mesmo senhor. Para constar, fiz este assento e assino. Coadjutor Antônio Rabello Mesquita (Livro de Registro de Batismo, 1813, fl. 97).

O extrato aponta que, a imensa maioria dos que se batizaram na Ribeira do Itapecuru, nesse período, foram dados como “pretos.” Outros, como “pardos”, raros, cuja incidência aumentará conforme avança o século XIX. Os estudiosos concordam que as categorias relacionadas à cor contidas nesses documentos representam uma “construção social”, pois dependia de inúmeros fatores, principalmente, sua posição social. Seguimos a análise de Assunção (2015), que considera que havia uma distinção significativa entre os brancos e as pessoas “de cor” na população, mas a condição jurídica pesava mais na hierarquia social, isto é, a distinção entre livres e cativos. 

Por volta de 1820, começou a ser mencionada a Matriz de N. S. das Dores do Itapecuru, o que indica que o templo na vila de mesmo nome foi edificado, começando as cerimônias a serem realizadas na mesma, ainda que por todo o período continuassem os “autos de desobriga” na área rural. 

Inicialmente, eram raros os “brancos” batizados na freguesia, pois grande parte dos colonos de origem europeia moravam na cidade de São Luís. Tal prática tende a diminuir no decorrer do tempo, quando então verificamos que muitos senhores batizaram seus filhos e netos nas fazendas, mas sempre uma minoria, devido a proximidade com o núcleo urbano onde estava localizada a sede da capitania e depois província do Maranhão.

Aos dezessete de janeiro de mil oitocentos e vinte e quatro, o reverendo Antônio da Costa Duarte, batizou e pôs os Santos Óleos a inocente Laura, filha legítima do tenente Inácio José Gomes de Souza e D. Antônio Carneiro de Brito Souza, neta paterna do Coronel José Gomes de Souza e sua mulher, D. Luiza Maria de Souza, da freguesia de N. S. da Vitória do Maranhão; e materna de Raimundo de Brito Magalhães e Cunha, da freguesia de São João Batista, da vila de Romão, e sua falecida mulher, D. Maria Carneiro. Foram padrinhos João Henriques de Souza Gaioso e D. Ana Rita de Souza Gaioso (Livro de registro de Batismo, 1824 a 1829, fl. 137).


Os assentos de batismo constituem uma fonte imprescindível para os estudos históricos, pois através dos mesmos se compõe um cenário e se desvela o processo de colonização. Através deles, sabemos os nomes das propriedades, dos senhores, dos trabalhadores e de suas famílias. Os nomes dos batizandos, de seus pais, padrinhos e madrinhas dão conta das mudanças no perfil étnico dos moradores da região e de padrões de sociabilidades. Nesse caso, o fato de quase sempre os “pequenos” receberem como padrinhos e madrinhas os companheiros de escravidão de seus pais indica a rigidez hierárquica daquela sociedade. Outra particularidade digna de nota, é que nunca o senhor apadrinhava os filhos de seus escravos, com raríssimas exceções, pois tal aproximação punha em cheque toda a ordem senhorial.

Finalmente, as evidências contidas nesses manuscritos são de extrema relevância para construção da História da ribeira do Itapecuru, de suas gentes, estratégias de dominação e resistência. O fato de muitos dos escravizados se casarem e batizarem seus filhos na igreja católica aponta a tentativa de inserção social por parte dos mesmos. Impossível saber o quanto havia de imposição por parte dos senhores e estratégia de sobrevivência por parte dos escravizados em tais práticas. Certo é que, a evangelização era uma das justificativas utilizadas para escravização: retirar populações de uma África em grande parte islamizada e trazê-los ao Novo Mundo para salvá-los através da fé católica. Por parte dos escravizados, a adesão a tal projeto, poderia ter inúmeros significados, sendo o maior deles a estratégia da sobrevivência nesse novo mundo. Ainda que, tudo indica, preservassem sua religiosidade ancestral.

Do livro Púcaro Literário II – Itapecuru Mirim, 200 anos (2018) pag. 219. Organizado por Jucey Santana e João Carlos Pimentel Cantanhede.


REFERÊNCIAS
ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO. Livro de Registro de Batismo da Freguesia de Nossa Senhora das Dores do Itapecuru. São Luís, MA, (1814/1829).
ASSUNÇÃO, M. R. De caboclos a bem-te-vis: formação do campesinato numa sociedade escravista, Maranhão (1800-1850). São Paulo: AnnaBlume, 2015.
MARQUES, C. A. Dicionário histórico e geográfico da Província do Maranhão. Rio de Janeiro:  Seleta, l970.
MOTA, Antonia da Silva. As famílias principais: redes de poder no Maranhão colonial. São Luís: Edufma, 2012.

HISTÓRIA DE ITAPECURU-MIRIM - PÓS INDEPENDÊNCIA



Batalha do Jenipapo

Na Batalha do Jenipapo, formada pelos grupos dos independentes na vila de Campo Maior, Ceará, junto ao rio Jenipapo, teve o início de suas operações iniciadas em direção a Caxias, Itapecuru-Mirim, São Bernardo e Brejo.

        Com a situação extremamente delicada, a Câmara Municipal de Itapecuru-Mirim, posicionou-se a favor da Independência do Brasil, ao decidir que o Tenente Coronel Pinto Magalhães com suas tropas fiéis ao domínio português não poderia desembarcar nesta Vila. As tropas vinham debandadas de Caxias para São Luís, e queria aportar na Vila a pretexto de doenças entre os homens.

            A Campanha Libertadora, outro movimento a favor da Independência do Brasil, iniciada em Parnaíba, Piauí, teve repercussão em Itapecuru-Mirim, que quase sofreu uma invertida moral. Por conta desse fato o negro João Pereira de Couto, Capitão do Mato, do Distrito de Manga do Iguará, que atendia pelo apelido de “João Bunda’, após cometer as maiores atrocidades para que a vila aderisse à independência e assassinar o Capitão Manoel José Magalhães estava preparado para invadir a Vila de Itapecuru-Mirim e repetir a dose”. A população encontrava-se apavorada e só foi salva devido à chegada providencial do chefe geral dos independentes, Salvador de Oliveira, com suas tropas e que impediu a invasão e ainda colocou “João Bunda” sob suas ordens.

         Em 09 de junho de 1823, o Tenente-Coronel Ricardo José Coelho (contrário à independência do Brasil), refugiado em Itapecuru-Mirim há nove dias, tentou retirar-se para a capital São Luís, mas, sem sucesso, pois todas as saídas estavam bloqueadas, decidiu enviar alguns parlamentares aos independentes para negociar sua rendição pacificamente. Quem ditou as regras para sua rendição foi o ex-comandante da guarnição da Vila de Itapecuru-Mirim, Tenente-Coronel José Felix Ferreira de Burgos, que o mesmo havia sido substituído e que por essa razão, passara para o lado dos independentes.

        Itapecuru-Mirim foi cercada a não resistiu ao assédio. No dia 18 de junho de 1823 rendia-se a Salvador de Oliveira.

          Salvador de Oliveira permitiu a retida do oficial Tenente-Coronel José Felix Ferreira de Burgos para a Capital e promoveu a reintegração de posse da Vila no dia 19 de junho de 1823.

            Em São Luís, após a Adesão do Maranhão à Independência do Brasil, em 28 de julho de 1823, no dia 07 de agosto do mesmo ano, após Ato de Juramento à Independência. Sendo assim, o Maranhão deixa de ser Estado Colonial de Portugal e passa a ser Província do Império do Brasil. Então se procedeu a eleição dos representantes de São Luis na junta provisória anteriormente já constituída na Vila de Itapecuru-Mirim.

            O tenente-coronel José Felix Ferreira de Burgos foi nomeado Barão do Itapecuru-Mirim, devido a seus serviços prestados à causa da independência. Mais tarde Comandante das Armas do Baré e logo depois, Ministro.

COSME BENTO, A BALAIADA E ITAPECURU-MIRIM.


                                                                Fórum Eleitoral

           A Balaiada foi um dos maiores conflitos ocorridos no Brasil. Entre 1838 e 1840, o Maranhão foi palco de uma insurreição popular em que os quilombolas tiveram participação decisiva.

       A Balaiada ocorreu em consequência da luta entre liberais, conhecidos como bem-te-vis, e conservadores. Naquele momento, os liberais encontravam-se impedidos, pelos conservadores, de participar das decisões políticas. Os bem-te-vis desencadearam violenta oposição ao Presidente da Província (Santos, 1983: 74).

       Considera-se que a Balaiada começou com o ataque à prisão na vila da Manga, próximo a Vargem Grande, em dezembro de 1838. Naquele momento, o vaqueiro Raimundo Gomes e nove parceiros libertaram vários homens presos para o alistamento. Um mês antes, Manoel Francisco dos Anjos Ferreira, conhecido como Balaio, já havia libertado seu filho, igualmente detido para servir às mesmas tropas.

       No momento de eclosão da Balaiada já havia uma guerra entre os mocambeiros e a sociedade escravista. Em novembro de 1839, escravos liderados por Cosme Bento das Chagas iniciaram uma insurreição em várias fazendas da região de Itapecuru-Mirim. Os escravos rebelaram-se contra os seus senhores, pegaram em armas e proclamaram-se livres. Diante disso, os fazendeiros fugiram de suas propriedades. Tal circunstância permitiu que os escravos se aquilombassem com mais facilidade.
Cosme Bento das Chagas nasceu na cidade de Sobral, na província de Ceará. Era prisioneiro de vários crimes. Foragido da penitenciária de Alcântara se integrou a Balaiada. O preto Cosme liderava mais de 3.000 escravos fugidos e e organizou uma base na fazenda da Lagoa Amarela. Cosme julgava-se uma pessoa importante, saqueou várias igrejas, vestia-se com trajes religiosos, era carregado em andor como se fosse nobre Poderoso. Assinava seu nome da seguinte forma: “D. Cosme Tutor: o Imperador das Liberdades Bem-ti-vis”. Tinha aproximadamente 40 anos por ocasião da Balaiada, era alfabetizado e sabia da importância da alfabetização. A prova disso é que criou uma escola na Lagoa Amarela, em pleno conflito. Também tinha visão política, já que buscou a união com os outros rebeldes da Balaiada. É certo que alguns líderes da rebelião posicionaram-se veementemente contra a discriminação dos escravos, como o próprio Raimundo Gomes.

        Com a chegada de Luís Alves de Lima, o futuro duque de Caxias, o conflito entrou em uma nova etapa. Lima contava com grande tropa e recursos, e conseguiu dissipar os grandes grupos de bem-te-vis. Os líderes balaios, perseguidos pelos soldados, tiveram de escolher: ou se rendiam, tirando proveito da anistia concedida pelo governo imperial, ou continuavam a luta aproximando-se dos escravos insurgidos. Cosme passava a ser a figura mais importante do conflito.

         Diante desse quadro, Luís Alves de Lima utilizou duas estratégias. De um lado, atacava os rebeldes e a base de Lagoa Amarela. De outro, tentava impedir a união de rebeldes livres e escravos. O sucesso de Lima ocorreu, todavia, quando convenceu o chefe rebelde Francisco Ferreira Pedrosa a atacar os quilombolas de Lagoa Amarela.

            Cosme tentou fundar outro quilombo em Guadalupe, localidade situada entre Lagoa Amarela e a vila do Brejo. Naquele momento, porém, outros líderes rebeldes aceitaram a anistia do imperador em troca da captura de escravos fugidos. Segundo o próprio Lima, essa ação tinha dois fins: antecipar o fim da revolta e provocar o ódio entre escravos e pobres livres.

         Os escravos insurretos ficaram sob a mira das tropas de Lima e dos ex-rebeldes, bons conhecedores do terreno. Cosme Bento das Chagas, vendo seu grupo ser dizimado, tentou atravessar o rio Itapecuru, fugindo para as matas com os que restaram. Contudo, foi sitiado em fevereiro de 1841 no Mearim.

      Cosme foi preso às margens do rio Mearim em 1842 e transportado para a Cadeia Pública de Itapecuru-Mirim, onde aguardou julgamento. Recebeu a sentença de sua execução, pelo Governador do Maranhão, Venâncio Lisboa, em 20 de setembro de 1842. Na época foi escolhido o prisioneiro criminoso mais bárbaro para enforcá-lo na Praça do Mercado onde existia o Pelourinho, construído em 1818.
Dizem que Cosme antes de ser enforcado, olhou para o céu e disse: “meu Deus, eu me arrependo de todos os crimes que cometi”. Este fato se deu em 20 de setembro de 1842.

ECONOMIA PÓS BALAIADA

          Em época posterior a Balaiada, houve o chamado ciclo do açúcar no Maranhão. Itapecuru-Mirim era um dos eixos desse plantio, contribuindo para alavancar a economia dessa região e do Maranhão.

E os limites ficaram assim distribuídos após ser criada a vila de Itapecuru-Mirim:
Ao Norte – Nossa Senhora do Rosário, num lugar chamado Poções;
 (atualmente Santa Rita e Presidente Jucelino);
Ao Sul – A Freguesia Nossa Senhora da Piedade do Coroatá, na foz do Rio Perirtoró; (Atualmente o município se limita com Cantanhede);
A Leste – Freguesia São Sebastião da Vargem Grande, paragem denominada Leite (Pela resolução de 19-04-1833, desmembrada do município de Itapecuru-Mirim o distrito de Vargem Grande. Elevado à categoria de vila.)
A Oeste – Freguesia de Santa Maria de Anajatuba, no lugar chamado Jaivara ou Jaibara.

Texto copiado de escritores itapecuruense


História de Itapecuru-Mirim - Origem



CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO - ELEVAÇÃO DA CIDADE E TERRITÓRIO



      Pela Provisão Régia de 21 de julho de 1870, Lei Provincial nº 919, a Vila de Itapecuru-Mirim, foi elevada à categoria de cidade, sendo criado o Município do mesmo nome com extensão territorial de 2.612,50 Km².
     Em 24 de setembro 1952, perdeu ainda mais da metade deste território com a criação do município de Cantanhede pela lei 757, que desmembrou deste município 1.460 Km².
Itapecuru ficou com uma extensão territorial de 1.152,50) KM². (VER: hoje já perdeu mais terras)

Está formado o desenho de um novo limite:
Ao Norte –  Santa Rita e Presidente Jucelino;
Ao Sul –  Cantanhede
A Leste – Presidente Vargas e Vargem Grande
A Oeste – Miranda do Norte e Anajatuba

FORMAÇÃO JUDICIÁRIA

A Comarca de Itapecuru-Mirim foi criada em 29 de abril de 1835, pela Lei Provincial nº 7. É uma comarca de Entrância, tendo por termo os municípios de Anajatuba, Cantanhede, e atualmente Miranda de Norte. Apresenta a seguinte configuração: 03 Juízes de Direito; 03 Promotores públicos; 03 Tabeliães; 06 oficiais de Justiça; 03 escreventes e 01 (hum) Cartório Eleitoral (hoje, Fórum eleitoral)

ETIMOLOGIA DA PALAVRA ITAPECURU-MIRIM
                                                                 

 A origem da palavra Itapecuru-Mirim é Tupy Guarany.

Segundo Frei Francisco dos Prazeres Maranhão, na sua Coleção “Etimologia Brasileira, diz que: Itapycuru ou Itapecuru vem de “ita”, pedra, /’pucuru”, púcaro. “Mirim”, pequeno. Afirmando que “Itapecuru” significa púcaro de pedra.  “Itapecuru-Mirim”, púcaro de pedras pequenas.
No entendimento do Dr. Domingos José Gonçalves de Magalhães, em seu trabalho “Notas sobre a história da revolução do Maranhão”, a grafia correta é Itapecuru e que é o modo etimológico, único de grafá-la. A palavra compondo-se da seguinte forma: “Ita”, pedra, “pe", caiminho, via, “curu”, curatem, cura, muita influência. “Mirim”, pequeno. Com a nova análise fica: “Itapecuru-Mirim”, caminho pequeno ou estreito de muitas pedras, ou inçado pequeno de muitas pedras.
Os franceses, por exemplo, chamavam em seus escritos, ora Itapecuru, ora Maranhão ou rio Itapecuru. Atualmente fazemos referência a Caminho de pedras miúdas para designar Itapecuru-Mirim.

CARACTERÍSTICA URBANÍSTICA

 Itapecuru-Mirim era uma vila decadente de ruas estreitas e casarões de taipas sem estética urbanística, quando da elevação á cidade.


   CE Itapecuru Mirim


SURGIMENTO DO ENSINO

O ENSINO surgiu no município, final de século XIX e início do século XX, por meio de escolas particulares, pelos professores Severo castelo Branco, Thiago Ribeiro, Mariana Luz, Manfredo Viana, Almerinda Araújo, Zumira Fonseca, Professor Newton Neves, João Rodrigues.

    


                                                                     Manfredo Viana

Manfredo Viana fundou a Escola Santo Expedito, que segundo Buzar, em seu livro “No Tempo de Abdala era assim”, era a melhor escola de alfabetização em matéria de ensino da época, seguida pelo Instituto Rio Branco (escola de ensino primário), sob a direção do renomado Professor Newton Nogueira Neves.

No período de 1928 a 1930 nasceu a primeira escola de ensino para as crianças. Inicialmente funcionava com escola de Freguesia, ou seja, “as casas”. Primeiro, na casa do Sr. Velho Zuza. Seguido pelo SR. José Carlos Bezerra, na casa da família Nogueira, na praça da Cruz, em terreno de sua propriedade. As primeiras professoras: Zulmira Fonseca e Maria de Lourdes Cassas. Com aumento do número de alunos, a escola passou a funcionar em duas casas: na casa de Áurea Nogueira, na Av. Gomes de Sousa (hoje prédio residencial). A professora Zulmira Fonseca, ensinava lá. O inspetor quando vinha visitar a escola também ficava lá por ser mais confortável e ter mais cômodos.

A segunda parte da escola funcionava na própria casa da professora Maria de Lourdes Cassas, isto é, na casa de D. Graciete Cassas, rua da Boiada, hoje, Senador Benedito Leite, pois também eram muito grande e confortável.

A escola cresceu e passou a se chamar escola Grupada, Mais seria intitulado “Grupo Escolar Gomes de Sousa”, em homenagem ao seu filho mais ilustre – o “Sousinha”.

OS NEGROS

Em época posterior a Balaiada, houve o chamado ciclo do açúcar no Maranhão que se estendeu até a abolição dos escravos, em 13 de maio de 1888. Itapecuru-Mirim era um dos eixos desse plantio, contribuindo para alavancar a economia dessa região e do Maranhão.
A entrada crescente de escravos africanos no Maranhão culminou com a chegada de 41 mil pessoas entre 1812 e 1820. Como resultado, às vésperas da Independência, 55% dos habitantes do Maranhão eram escravos. Tal número correspondia a mais alta porcentagem de população escrava do Império. Ela concentrava-se nas fazendas situadas na baixada ocidental e nos vales dos Rios Itapecuru, Mearim e Pindaré.


                                       Restos do cais à margem do Rio Itapecuru, mão de obra negra

Esses locais tinham uma grande quantidade de matas, rios e riachos. Tal aspecto foi decisivo no momento de ocupação dos territórios pelos colonizadores: os espaços foram utilizados de forma bastante rarefeita. Essa conformação criou condições para o surgimento de quilombos em cabeceiras de rios e locais mais distantes nas florestas. Tratava-se de lugares que escapavam ao controle do Estado, permitindo que os quilombos multiplicassem e suas populações se sentissem relativamente seguras.
Mesmo que não seja possível precisar a quantidade de quilombos que existiu desde esse período até a Abolição, afirma-se que no Maranhão havia poucas fazendas escravistas sem quilombos à sua volta.

Era comum, principalmente na primeira metade do século XIX, que pequenos grupos de escravos fugidos se escondessem nas matas que cercavam as propriedades. Essas fugas ocorriam principalmente em locais que reuniam um bom número de fazendas e escravos, como Alcântara, Viana, Vitória do Mearim, Itapecuru-Mirim, Rosário e Manga do Iguará.

Diante da multiplicação dos quilombos, as autoridades maranhenses organizaram vários tipos de forças policiais para enfrentá-los. Governo e fazendeiros contavam também com os serviços dos capitães-do-mato para combater os quilombos. Porém, diante de um território imenso, o número de soldados e de capitães-do-mato sempre foi insuficiente para desarticular de forma definitiva os quilombos.

Com a abolição dos escravos, a lavoura passou a enfrentar problemas com a grave falta de mão de obras, principalmente na indústria açucareira. Houve uma crise financeira na região e no estado.
Os negros também foram descriminados, humilhados, maltratados. Trabalhavam da doze a quatorze horas por dia, tinham condições sub-humanas de sobrevivência. Ganhavam péssimos salários. Passaram a morar em cortiços ou ocupava pequenos pedaços de terra onde cultivavam roças de subsistência e onde podiam ser expulsos a qualquer momento.

Em 15 de novembro de 1889, se deu a Proclamação da República, pelo então, Marechal Deodoro da Fonseca

Documento extraído de fontes de escritores Itapecuruense