quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Entenda por que a população de Anajatuba é 76% negra.



     76% da população anajatubense é negra. O que a história tem para nos explicar sobre esta realidade?

A resposta para esta pergunta requer uma análise aprofundada sobre a vinda dos negros para nossa região, o período histórico e os povos que para cá vieram. Aqui apresento um resumo de uma pesquisa em andamento.
A entrada dos povos africanos para o norte do Maranhão, deveu-se em grande quantidade com  a criação da Companhia de Comércio do Grão-Pará e Maranhão na segunda metade do século XVIII.
Neste período da história, a cultura algodoeira no Maranhão integra ao sistema de grande lavoura e a consistência de grandes planteis de escravos, principalmente por ocasião da colheita. Segundo Mário Meireles a “área de Ribeira do Itapecurú, era a que fornecia grande parte da produção do algodão do Maranhão”. E falando do mesmo assunto, GAIOSO afirma que em 1853 a área de ribeira compreendia as seguintes freguesias: Nossa senhora do Rosário (atual município de Rosário) e Itapecuru-Mirim ( toda área territorial que corresponde os municípios de Santa Rita, Anajatuba e Itapecuru-Mirim), (Arquivo 1.1.5, p. 263-5).
Dentro do contexto histórico de Ribeira de Itapecuru como sendo o centro de produção de algodão na província do Maranhão, a região se destaca entre 1812 a 1821 como a maior produtora de algodão da América, colocando o Maranhão em  destaque no cenário da economia brasileira
Com  o  crescimento  da  agro-exportação,  aumenta  significativamente o  número  de escravos,  chegando  a  53%  da  população  maranhense  em  1822. Desse  contexto surgiu a célebre frase: “O algodão apesar de branco tornará preto o Maranhão”. O número  de escravos  da Ribeira  do  Itapecuru, grande  produtora  de algodão, era de 83% de sua população
De acordo com os estudos de Mathias Assunção (2001), os negros que povoaram a área de Ribeira do Itapecurú tinham procedência da região de angola/congo, dos rios de guiné, da baia do benin (mina, nagô e calabar), Mocambiques e Camunda. Outros africanos eram registrados como angola, mandinga, mina, cacheu, bijagó, Benguela, congo e cabinda. Essa procedência dos escravos angola e a significativa presença dos mandingas e mina são confirmadas pelo livro de óbitos da freguesia do itapecuru-mirim, uma das principais áreas de plantation ( ASSUNÇÃO, 2001, nº 20).
Esses dados fornecidos pelo autor influenciam para uma pesquisa em andamento sobre as origens dos quilombos formados em nosso município no período da regência brasileira, mais especificamente no período em que eclode a Balaiada, na região da vila da Manga (hoje Nina Rodrigues) e Itapecuru-Mirim. Acontecimento este que envolve muitos negros no conflito e muitos se refugiavam em outras regiões, no caso Anajatuba.
Infelizmente, o tráfico de escravos para o Maranhão, ainda não foi objeto de maior atenção entre os historiadores e pesquisadores. O que dificulta afirmarmos com precisão as nações africanas que povoaram os Vales e as terras próximas ao Rio Itapecuru.
Mesmo constituindo consenso entre estudiosos, temos que reconhecer que, os grupos étnicos eram formados simplesmente de um porto de embarque no litoral africano ou nas feiras de vendas de escravos aqui no Brasil. Segundo Maria Inês Cortes de Oliveira, os Portugueses tiveram um certo controle com as nações Angolanas, Cabindas e Banguelas e outros grupos étnicos ao embarcarem nos portos Africanos. 
Os dados descritos sobre as nações africanas que nestas regiões chegaram, justifica a existência de Quilombos nas regiões de: Retiro (São João da Mata), Monge Belo, Pedrinhas, Queluz, Cupaúba, Ponta Bonita, Cumbi, Ladeira, Assutinga, Côco, Centro do Isidório, Bacabal, São Pedro, Flexeira, São Roque, Quebra, Bom Jardim, Bairro São Benedito, Ilhas do Teso e São José/Zé Bernardo.
Estas comunidades são todas remanescentes de Quilombos e que estão no município de Anajatuba.


Professor Valdir

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